Adolescente de 14 anos sumiu há quase um mês
sem deixar rastros; suspeito já foi condenado por matar ex-mulher.
Os olhos azuis de Alice Gross estão por toda
parte no bairro de Ealing, no oeste de Londres, estampando cartazes que pedem
informações sobre o paradeiro da garota de 14 anos sumida desde o dia 28 de
agosto.
Após quase um mês do seu desaparecimento, em
Hanwell, a poucos quilômetros do centro de Ealing, a polícia londrina lançou a
maior operação desde os atentados de 2005 para encontrar seu sequestrador ou
possivelmente assassino.
Alice saiu de sua casa às 13h no dia de seu
desaparecimento. Às 16h26 foi vista caminhando às margens do canal Grand Union,
em direção a Hanwell.
Havia mandado uma mensagem ao seu pai,
perguntando-lhe se estava em casa, já que havia saído sem chaves. Depois disso,
sumiu.
Definida como "muito vulnerável"
pela sua família, a adolescente sofria de anorexia e, segundo a imprensa local,
era vítima de bullying nas redes sociais. Esse foi um dos pontos de partida da
investigação policial.
Nos primeiros dias, os vizinhos da família
comentavam que a adolescente havia desaparecido por rebeldia.
A história, no entanto, sofreu uma
reviravolta quando outra pessoa, também em Ealing, foi registrada como
desaparecida: Arnis Zalkalns, um homem de 41 anos que estava no mesmo canal na
mesma hora que Alice.
Principal
suspeito
Até o dia 3 de setembro, Zalkalns trabalhava
em uma construção em Isleworth, também no oeste de Londres. Mas desde então,
nunca mais foi visto.
No dia em que Alice desapareceu, Zalkalns
passeava de bicicleta pelo mesmo caminho e foi filmado pelas mesmas câmeras de
segurança que haviam registrado a última imagem de Alice cerca de 15 minutos
antes.
Zalkalns é, agora, o principal suspeito pelo
sumiço da garota. Natural da Letônia, a polícia acredita que ele tenha se
mudado para a Grã-Bretanha em 2007. Antes, passou sete anos preso no seu país
após ter esfaqueado a esposa à morte, em 1998.
Em 2009, ele voltou a ser preso, desta vez
por suspeita de assédio a uma menor de 14 anos. A polícia britânica não tinha
conhecimento de sua condenação anterior e o caso não teve maiores repercussões.
Agora, pediu mais informações sobre seus antecedentes a autoridades da Letônia.
A bicicleta de Zalkalns foi encontrada na
sexta-feira, mas autoridades não disseram onde.
A Polícia Metropolitana de Londres confirmou
que 600 oficiais de oito forças diferentes estão envolvidas na maior operação
desde os atentados de 2005. Buscas já foram realizadas em uma área de 25 km
quadrados e em 5,5 km de canais e rios.
Problema
europeu
A polícia já recebeu mais de 630 ligações
relacionadas ao caso e tem pedido acesso a qualquer imagem obtida por câmeras
de segurança.
Peritos forenses estiveram na casa de
Zalkalns, também em Ealing, onde ele vivia com sua companheira e filho. Na
semana passada, a polícia começou a realizar buscas em um segundo imóvel em
Hanwell.
Segundo a polícia, Zalkalns não acessou sua
conta bancária nem usou seu telefone celular desde que desapareceu. Seu
passaporte foi deixado em casa.
No entanto, autoridades e a imprensa local
têm criticado os investigadores por terem demorado a apontar Zalkalns como
suspeito e a pedir antecedentes à polícia da Letônia, que confirmou ter
começado a trabalhar com policiais britânicos somente na semana passada.
Uma questão aberta pelo caso Alice Gross
envolve a facilidade de movimentação de criminosos condenados entre os países
da União Europeia.
"Há uma relativa liberdade para se
movimentar entre as fronteiras e buscar trabalho, tendo ou não sérias
condenações criminais", disse à BBC Harry Fletcher, da Associação Nacional
de Oficiais de Condicionais. "Estima-se que possa haver centenas de
criminosos condenados por outros países atualmente vivendo no Reino
Unido", disse.
*Do G1.